Essa matéria é de meu colega Willian que fazia parte do grupo no trabalho sobre o Bairro da Aclimação.
Pinah, famosa passista da Beija-Flor, demonstra alegria e energia até fora do sambódromo
Foto: Ana Paula Caggiano
Pinah se diverte em sua loja de materiais carnavalescos
13H42min, São Paulo faz sua música de desenvolvimento e paranóia urbana em ritmo de rock, punk rock, acelerado e pragmatismo consumista em três acordes: congestionamento bi-combustível , gastrite fast food e violência hight tech. É terça feira,15 de outubro, o carnaval ainda está longe, mas encontramos um Palácio das Plumas; reino em que o samba dá o tom durante o ano inteiro e lar de sua governante: Pinah, a pérola da Beija- Flor, que entre seus feitos subjugou até o futuro rei da Inglaterra com seu gingado.
Pinah é uma das poucas personagens folclóricas ainda existentes no carnaval carioca, cada vez mais carente de figuras pitorescas e carismáticas como: Clóvis Bornay , Joãozinho Trinta, entre outros. Apesar de sua alma de carioca da gema, Pinah é mineira, nascida numa pequena cidade chamada Muriaré, onde morou durante os dois primeiros anos de sua vida, quando sua família chegou ao Rio de Janeiro.
Antes de desfilar na passarela do samba, Pinah desfilava nas passarelas de moda numa época na qual modelos eram conhecidas como Manequins: “Era muito diferente do que é hoje, trabalhávamos 6 horas por dia, dava para se dedicar a outras coisas também; não era essa coisa tão grandiosa como é atualmente.”
Foram três anos nos passarelas, até que Joãozinho Trinta assistiu a um de seus desfiles e ficou encantado, convidando-a imediatamente para trocar a moda pelo samba; Pinah não pensou duas vezes e embarcou na jornada que a transformaria numa figura mitológica do carnaval.
Seu primeiro desfile foi pela Salgueiro, mas Joãozinho faz outro convite; desta vez para desfilar pela Beija- Flor de Nilópolis, foi um caso de empatia entre Pinah, diretores da agremiação e a comunidade. Então sua estréia de fato ocorreu em 1978 e até hoje não houve olhares a terceiros nessa história de amor entre as partes.
Um fato a tornou famosa nacionalmente: dia em que o príncipe da Inglaterra sambou. Charles estava em visita ao país e como chegara ao Rio de Janeiro meses após o desfile, estava curioso para saber como era o carnaval do Rio. Charles gostaria de visitar uma escola de samba, então um pequeno grupo de membros da Beija-Flor foi destacado para dar as boas vindas ao príncipe “Existia uma brincadeira para ver quem iria ser a Cinderela do Príncipe Charles. Quando o batuque começou, dancei como sempre faço até que de repente alguém puxou minha mão e me jogou cara a cara com ele. Aí tive que tentar fazer o homem dar uns passos desengonçados de samba”, diz ela sobre o breve encontro com a realeza.
Foto: Ana Paula Caggiano
No dia seguinte ao desfile inusitado a Charles, a vida de Pinah não foi mais a mesma: filas de repórteres batiam á sua porta para saber algo do príncipe, convites para aparecer em programas e virar garota propaganda vieram aos montes, havia se tornado uma estrela pop do samba, tendo o seu nome entoado nos versos do samba-enredo de sua escola no ano de 1983, “Ê Pinah! Ê Pinah! Que ao príncipe encantou no carnaval com seu esplendor”, nesse trecho a Beija-Flor mostra sua devoção por sua Pérola Negra, “Ter seu nome cantado em toda aquela avenida é uma coisa que até hoje me arrepia”, diz ela sobre o desfile daquele ano.
Pinah ao lado de manequim com a fantasia da Beija-Flor
Um ano antes a homenagem, Pinah havia se transferido para a cidade de São Paulo; tal mudança de ares foi causa por uma paixão: o empresário Elias Ayoub ficou encantado pela moça que encantava as multidões na Sapucaí. Depois de muita insistência, Elias conseguiu a mão de Pinah e algo que até então era inimaginável... Traze-la para outro lugar que não fosse o Rio.
Atualmente o casal vive e trabalha no bairro da Aclimação, possuem uma loja de materiais para alegorias carnavalescas. Pinah Ayoub agora encara outro estágio do mundo do carnaval- o administrativo- que segundo ela é tão complexo quanto desfilar na pista.
O Bairro da Aclimação tornou-se um refúgio para a elétrica Pinah, e agora os passos ritmados da passarela deram lugar a caminhadas tranqüilas pelo Parque “Aclimação virou meu lar de fato, tudo o que preciso e gosto tem aqui, só saio raramente para resolver negócios ou visitar o pessoal da minha Beija-Flor e sambar”, Ê Pinah da Aclimação!
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