quarta-feira, 28 de julho de 2010

A história que se originou do Parque

Por Ana Paula Caggiano

Essa matéria escrevi há três anos em um trabalho de faculdade. Lembro-me de um dia ensolarado, quente e com uma suave brisa quando eu e mais duas amigas que também fazia parte de grupo (no total eram cinco integrantes) fomos depois da aula, já que estudávamos no período matutino ao Parque da Aclimação, localizado no bairro da Aclimação para observar melhor o local, tirar fotos e por quê não à apreciar. Aquela não era a minha primeira visita, acho que já tinha ido umas duas vezes pelo menos nesse parque, mas nessas idas eu não pude explorar bem o ambiente, sabe? tenho ótimas recordações do lugar. Você em contato com a natureza é uma sensação muito boa como sentar na grama, admirar as árvores, as flores, o lago, os cisnes e gansos, ouvir o canto dos pássaros e até mesmo reparar em família passeando, as crianças brincando e outros se exercitando. Essas cenas também presenciamos quando estamos nos parques, como no mais conhecido Ibirapuera, mas é que cada lugar tem um clima especial e bom como esses, entende?

No mês de Fevereiro do ano passado o rompimento do sistema de circulação de água (vertedouro) fez com que o lago do parque desaparecesse. A água vazou pela tubulação do sistema arrastando alguns peixes e aves, que foram resgatados pelos vigias e frequentadores que estavam no local. Os cisnes e gansos foram encaminhadas para o lago do parque do Ibirapuera. Com o lago vazio, só se via lama e muito lixo no fundo. Agora, parece o problema foi resolvido e a situação está normalizada, mas isso eu somente poderei conferir quando for lá.

Confira a matéria de três anos atrás:


Foto: Ana Paula Caggiano

Parque da Aclimação

O Bairro da Aclimação surgiu no século XX e limita-se ao norte e noroeste com o bairro da Liberdade, ao nordeste e leste com o Cambucí, ao sul e sudeste com a Vila Mariana e a sudoeste com o Ipiranga. Antigamente, em 1780 era uma área de morros e a sudoeste no planalto triangular, entre o córrego do Cambucí, Rio do Lavapés, Estrada do Mar (Santos) e o Caminho do Carro que ia para Santo Amaro havia um sítio de nome indígena, “Tapanhoim”, que dele fazia conjunto à Chácara do “Quebra-Bunda”, pois nessa região os escravos fugitivos eram espancados até ficarem descadeirados, mediante o pagamento de taxas ao proprietário, os “Srs. de escravos”. Com o desenvolvimento a partir do loteamento das antigas chácaras e fazendas que tomavam as terras da capital, que era caminho de tropeiros que provinham do litoral para a cidade.

Foi nessa área do Sítio do Tapanhoim que em 1892, onde destinou o local à criação de gado leiteiro que, Carlos José Botelho, nascido em Piracicaba (1855-1947), doutorou Medicina em Paris. Conta-se que Botelho, antes de doutorar em Medicina, quando estudante passeava pelo “Jardim d’ Acclimatation”, no Bois de Boulogne e que ficou muito entusiasmado com esse jardim parasiense, que possuia também exposições zoológicas; a criação e aclimatação das espécies exoticas; a reprodução, seleção e hibridação de animais; e comércio de produtos e sub-produtos. De volta ao Brasil (1880) exerceu pouco a profissão dedicando-se a política e a agropecuaria. Não obteve sucesso e a área foi transformada em um zoológico ao qual servia de base para a aclimatação de espécies exóticas, além de experiências envolvendo reprodução e hibridação de animais e um grande lago no centro. Assim o nome indígena deu lugar a versão francesa para Jardim da Aclimação ou Parque da Aclimação. Nesta época era um dos pontos mais procurados para o lazer da cidade aos domingos e feriados. O bairro recebeu a vinda dos imigrantes europeus e japoneses, que estabeleceram residencias, comercios e igrejas.

Na década de 30, a família Botelho iniciou a divisão e o desenvolvimento da região. Assim começaram a ser povoadas as terras, ruas e alamedas foram abertas, o loteamento formando-se bairros que cresceu ao redor do Parque e depois se tornaram sub-distrito da Aclimação: Cambucí, Liberdade, Paraíso, Jardim da Glória. A lei que definiu a posição do bairro como distrito de paz foi assinada no dia 23/12/1938, sob n° 9.859 e hoje, Aclimação é o 37° sub-destrito de São Paulo.

O bairro foi moldado de acordo com morros e baixadas, obtendo as ruas com nomes curiosos de pedras preciosas: Ágata, Ametista, Topázio, Safira, Turmalina etc, além de nomes dos planetas do sistema solar: Saturno, Júpiter, Urânio.

No ano 1939 a prefeitura com então prefeito Prestes Maia, comprou a área, afim de evitar mais loteamentos e tornou o Parque da Aclimação como patrimônio da cidade. Mas quando a prefeitura passou a administrar o parque ficou abandonado: o zoo foi retirado, o local ficou depredado, o lago poluído, surgiu o matagal e proliferou o lixo.

Após 15 anos (05 de maio de 1955), a Lei n° 4.668 aprova um plano de melhoramento urbanístico para o bairro na administração de William Salem, prefeito do município de São Paulo: as alamedas foram asfaltadas, colocaram iluminação nos postes e construiram Concha Acústica para realizações de shows.

Na década de 70, foram instalados ao redor do parque grades para controlar a entrada nos 4 portões, pois apresentava declínio, com aparecimentos de ladrões e usuários de drogas, à insegurança devido a marginais que apareciam no local.
A partir de sua criação o parque sofreu diversas perdas por questões da urbanização em sua volta e recebeu recentemente, uma Biblioteca Municipal chamada, Infanto Juvenil Ophélia França, um Centro Esportivo Municipal, um playground, uma pista de cooper, um campo de futebol e ajardinamento e sanitários.

Sua área foi reduzida de 182 mil m² para 112 mil m². Nesta mesma época, vários órgãos da prefeitura passaram a administração para o Departamento de Parques e Áreas Verdes (DEPAVE).

A Associação de Defesa do Parque, criada por moradores que estabelecia o impedimento de desintegração do bairro e desejavam o tombamento da área para a preservação do jardim, teve o apoio de vários setores representativos dessa comunidade como: escolas da região, a União Cultural Brasil-Japão, Ambientalistas, a imprensa como o jornal do Cambucí & Aclimação entre outros com o objetivo de salvar o parque e demonstrar a conscientização da população do bairro.

A realização da assinatura do tombamento ocorreu no dia 05 de outubro de 1986, data que se comemora o aniversário do parque, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico de São Paulo (CONDEPHAAT).

Hoje o parque é visitado por milhares de pessoas que diariamente fazem um passeio com seus animais de estimação ou famílias que fazem suas caminhadas, corridas, meditação, jogam futebol no campo e muitas outras atividades. Assim como a ex-bancária aposentada, Cida Pereira, 62, moradora no bairro há 20 anos. “Eu adoro o parque, faço caminhada e academia todos os dias. Só não gosto quando as vezes aparecem mendigos, porque isso aqui é para o lazer!”. O parque também oferece um grande roteiro botânico desde Eucaliptos, Pinheiros até Jequitibá-rosa e Jacarandá-mimoso. Além de ganços, garças, patos e pássaros. O artísta plástico, Arcangelo Lanelli, deu duas esculturas ao parque, “Os amantes” e “Dança branca”.



Foto: Ana Paula Caggiano






O ambiente do Parque proporciona uma qualidade de vida mais saudável à todos os frequentadores


Em 1998, a empresa de Saneamento Paulista (Sabesp), instalou uma estação de flotação no lago da Aclimação, garantindo a qualidade das águas.
Não é permitido no interior do parque a entrada de animais sem coleiras ou enforcador; circulações de veículos quaisquer, como bicicletas, motocicletas, patins e skates; molestar ou alimentar os animais; caça e pesca; natação; colher flores, mudas ou plantas em geral ou até mesmo plantar; escrever ou subir em árvores; lançar galhos, detritos ou qualquer objeto no lago; montar barracas e acampamentos; vendedor ou comerciantes ambulantes; distribuir material publicitário sem autorização expressa da administração etc.

O Parque da Aclimação está localizado na Rua Muniz de Souza n° 1.119 e é aberto todos os dias a partir das 5h às 20h. Tem guardas que vigiam e permitem a segurança e uma equipe de funcionários encarregados da limpeza e conservação do parque.

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