sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uma realidade que atinge a todos nós

Por Ana Paula Caggiano

“Entre os Muros da Escola”
Uma realidade que atinge a todos nós


O filme “Entre os Muros da Escola” mostra relação entre professores e alunos, professores e pais, estudantes e seus pais, as cobranças e os problemas que o ensino educacional enfrenta com as diversas questões culturais, de convívio social, política e econômica que traçam ideologias e costumes diferentes de uma França que enfrenta a colonização de povos já conquistados por ela.





O presentismo está exposto em alguns jovens que pensam mais no presente, no “neste momento” e menos no amanhã. Mas não são todos os casos, pois outros alunos pensam no futuro e para isso demonstram bastante interesse nas aulas.



A metade dos alunos da turma do professor de francês, François Marin são de outra nacionalidade como no caso de Wey que veio da China com sua família e Souleymane do Mali, por exemplo. Como são de outros países, os dois têm algo em comum, mas em desempenho escolar e personalidades são bem diferentes. Apesar da dificuldade com o idioma francês, Wey se esforça nas lições, sendo um aluno aplicado. Já o garoto do Mali não leva o material, falta na escola, chega atrasado e responde os professores, ou seja, não participa das aulas.



Podemos citar no contexto histórico da Europa no Pós-Guerra, o jovem que não precisava mais sair para trabalhar, e assim ajudar no sustento da casa. O Bem-Estar Social assegurou a família para que essa criança e esse adolescente tenham a oportunidade de estudar, de passar mais tempo na escola. É claro, que isso garante uma competição e crescimento tanto nas tecnologias que estavam surgindo e para os jovens que precisavam estudar muito para entrar numa faculdade ou num curso técnico e se especializar, porque o mercado pedia e ainda hoje pede.






Mas o que isso tem haver? Bom, neste caso entre os alunos vemos que alguns dão valor a que está sendo oferecido, porque com isso terão um ótimo desempenho escolar no que resultará em grandes oportunidades (que seus pais não tiveram ou não conseguiram) como um bom emprego, melhor salário e por esse motivo que se dedicam no presente, mas pensando no futuro, como disse anteriormente.



A relação entre o professor e seus alunos é bem conturbada, pois vemos em algumas cenas o tempo perdido, ou seja, o tempo não aproveitado do “saber”, a falta de interesse dos estudantes, as brigas, as discussões, as conversas (“piadinhas”) desnecessárias em pleno horário de aula. Numa cena um educador entra na sala dos professores irritado com a falta atenção dos seus alunos. Ele chega ao certo ponto de estresse, de perda de estimulo de ensinar, “degrada” moralmente o péssimo comportamento dos jovens.



Os pais dos estudantes acham que a escola tem o papel de educar os seus filhos. A lição de educação e de boas maneiras tem que vir de casa. O objetivo da área educacional é somente ensinar os alunos as disciplinas, mas não deixa de ser um lugar em que se aprende a conviver socialmente e a ser formadores de opinião.



A maioria dos familiares não se importam ou não acreditam no que os professores dizem a respeito de seus filhos. Por exemplo: na reunião de pais a comunicação era muito complicada e limitada entre a mãe de Souleymane e Marin, pois ela não compreendia o idioma francês e nem ele a dela, então quem traduzia o que um falava era o próprio garoto. Mas a falta de interesse em saber que seu filho está indo bem ou mal na escola é uma situação muito difícil. Em algum momento da vida já presenciamos quando participávamos de reuniões de pais e mestres ou quando alguém nos contava. Muitos estavam ali só para assinar o boletim do filho e nada mais ou ficavam incrédulos e chocados quando escutavam o péssimo comportamento do jovem estudante.



A adolescência é uma fase de muitas mudanças, tarefas e cobranças, porque a cada momento eles se deparam com a responsabilidade que terão que enfrentar. Tudo bem que esses jovens estão descobrindo o “mundo”. Porém são imaturos em certas questões, e talvez por isso, que eles fiquem confusos, temerosos, nervosos e teimosos em querer desbravar e experimentar tudo ao seu redor em curto tempo.



Essa sede de saber de tudo faz com que eles levem muitos tombos, mas não surge a preocupação neles, pois seus pais são “os anjos da guarda” para livrá-los de qualquer enrascada. Podemos dizer que esse universo jovem é vivido de forma conturbadora e ao mesmo tempo divertida em que não se tem limites e nem regras “chatas” a serem compridas.

É nesse lugar que eles tentam se encontrar e obter a aprovação, respeito social de outros adolescentes, como: ser o mais legal, mais bonito (a), estar na moda, ter vários amigos (popular) e não ser chacota, o nerd, o excluído da turma. Sendo o esquisito do grupo social ou não, a juventude tem liberdade de expressar o que quiserem. Mas será que estes sabem lidar com essa liberdade? Vamos voltar na questão da escola.









Em algum período já escutamos esta frase no colégio: “Quem faz a escola é o aluno”. O que não deixa de ser verdade. Se formos levar em conta o ensino e a liberdade dos alunos de antigamente e comparar com hoje em dia é totalmente diferente. No tempo dos nossos pais e avós no que desrespeita a disciplina escolar era muito “autoritária”; o respeito entre alunos e professores era lei, principalmente para os estudantes que não podiam abrir a boca sem ser autorizado – sem liberdade.





Contudo hoje em dia não existe essa rigidez. O respeito que se tinha na sala de aula não existe mais, são acusações, ofensas, ameaças, agressões físicas e verbais, boletins de ocorrência em delegacias, professores afastados por motivos de abalos psicológicos ou desistiram da profissão, alunos sendo expulsos e encaminhados para outra instituição de ensino ou até mesmo param de estudar. Isso tudo é comum atualmente.





A culpa não é só da má liberdade dada aos jovens, mas uma série de condutas desde criação de berço até influências de “estranhos”, falta de oportunidades, mudanças de governo etc.
A liberdade imposta é muito mal conduzida não sendo controlada. Todos têm o poder de se expressar, mas desde que saiba fazer de uma maneira politicamente correta, estudada, pensada, planejada, sem “agredir” ou “ferir” de uma forma banal. O que não acontece.




Outra questão também a ser abordada seria que alguns professores reagem de modo errado as provocações de alunos. No caso do Marin que comparou de “vagabundas” o comportamento de duas garotas na reunião com os professores foi uma postura negativa. Claro que isso foi uma maneira completamente ruim, que o mestre poderia muito bem ter exposto sua opinião de uma forma menos agressiva. Porém a posição das alunas foi errada.




No filme a escola estava passando por problemas com os alunos e para penalizá-los adotaram um sistema de tirar pontos daqueles que tiverem um mau comportamento, cujo castigo empregado antes para os estudantes não estavam mais surtindo efeito. Caso algum aluno já estivesse perdido todos os pontos seguiria para o Conselho Disciplinar. Quando os professores, diretor, representantes dos pais discutiam sobre este sistema ouve divergências. Porém o mais fascinante era que não tinha terminado de “votar” sobre essa medida de penalização e logo passaram para um tema totalmente fora do contexto sugerido como pauta por uma professora que era de comprar uma máquina nova de café, pois o copo de cafeína estava muito caro. É de muita valia o preço alto da bebida do que debater propostas para resolver os problemas dos jovens desinteressados.



Na última cena François pergunta a sua turma sobre o que os alunos aprenderam nesse ano letivo, todos responderam, mas apenas uma única estudante disse que não aprendeu nada e que não gostaria de fazer um curso profissionalizante. Não é novidade nenhuma, pois muitos jovens passam de ano sem ter aprendido absolutamente nada. Como será o país se ninguém sabe de nada? Qual o problema do sistema que não foi resolvido e está até hoje precário? De quem é a culpa? Somos todos culpados? Porquê poucos reclamam, cobram e muitos não sabem ou fingem que não enxergam? Afinal, temos que continuar sendo “burros” para acreditar e votar nos “espertos”? Temos que nos contentar com tão pouco, já que temos o direito de muito? Sabemos dos nossos deveres quando pagamos nossos impostos, mas será que as autoridades sabem também dos seus deveres com o cidadão? Essa é uma realidade que atinge a todos nós.




























































































Vídeo: "Entre os Muros da Escola"

Direção: Lautent Cantet

França, Sony Pictures Classics/ Imovision

Ano: 2008

Duração: 128 min.

Gênero: Drama.

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