quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ciúme feminino está ligado ao emocional

Mulheres demonstram mais o comportamento, pois manifestam melhor o que sentem

Por Ana Paula Caggiano

Dizem que o ciúme é uma prova de amor. Outros já pensam o contrário, que esse tipo de comportamento não passa de insegurança da pessoa perante um relacionamento. Mas como a mulher lida com o ciúme em seu namoro e casamento sem que ultrapasse limites e se torne um problema?



Um estudo divulgado nesse ano da Universidade Estadual da Pensilvânia, Estados Unidos, revelou que o ciúme feminino está ligado à infidelidade emocional, já do homem na infidelidade sexual. O psicólogo e especialista em relacionamentos amorosos, Thiago de Almeida concorda e fala ainda que o sexo feminino expressa facilmente o que sente do que o sexo masculino. “Tem uma tendência maior das mulheres manifestarem melhor as emoções, enquanto os homens são mais introvertidos”, explica.

De acordo com o psicólogo, a “profecia auto-realizadora”, é um fenômeno que acontece no campo amoroso em que o ciúme pode levar à infidelidade. “O nível elevado de conflito pode sensibilizar o parceiro a traição, ou seja, quanto mais ciúme sentir do parceiro maior a chance do outro se relacionar amorosamente com uma terceira pessoa”, afirma.

Segundo Almeida o ciúme está relacionado ao medo e a insegurança podendo se manifestar em comportamentos específicos denominados de Ciúme Positivo: quando o ciumento começa a investir mais em si próprio e na relação, como por exemplo, cuidar do corpo e a se vestir melhor. O Excessivo, que está relacionado as brigas constantes e rompimentos, ou a Periodicidade, na qual a relação fragilizada vai e volta.

Um exemplo de caso doentio foi retratado na novela global, “Mulheres Apaixonadas”, em 2003, do escritor Manoel Carlos, no qual a personagem Heloísa (Giulia Gam), desconfiava de todas as mulheres que se aproximavam do marido Sérgio (Marcelo Antony). No decorrer da trama Heloísa acabou tendo sérios ataques de ciúmes, o que levou ao fim do casamento e a frequentar ajuda no Grupo MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas). Para o psicólogo, o MADA é uma das maneiras que pode ajudar a mulher de dependência amorosa, mas é importante que ela procure auxilio psicológico.


Perceber e controlar o ciúme

É difícil de perceber quando se tem um ciúme patológico (excessivo), pois sequer a mulher ou o homem tem consciência do problema, já que a pessoa enciumada acha normal esse tipo de comportamento, que pode até atrapalhar na produtividade do trabalho profissional e na relação social, porque a pessoa fica concentrada o tempo todo no parceiro e imaginando onde e o que está fazendo.

Para algumas mulheres é difícil assumir que é ciumenta, mas algumas tentam manter o controle como no caso da estudante de jornalismo, Alessandra Sabbag, de 22 anos, que namora há pouco mais de um ano. “Manifesto o ciúme quando necessário, quando, por exemplo, outra garota fica olhando pro meu namorado ou se ele fica querendo ver na internet ou numa revista uma mulher nua. Daí eu não gosto e fico brava”.

Já a dona de casa, casada há 33 anos, Tereza Galvão de Barros, 62 anos, diz que ainda tem ciúme do marido, mas que também sabe se controlar e nunca fez uma baixaria por causa disso. “É muito feio se rebaixar só porque está enciumada, pois o marido não passa a segurança que você deseja. Procuro não pensar em algo de errado que o meu esposo pode estar fazendo ou falar com ele sobre isso. Prefiro evitar discussões”, afirma.

Tereza diz ainda que a sua filha de 29 anos, é o oposto dela, pois a moça constantemente briga com o namorado, ligando várias vezes ao dia só para saber onde e com quem o rapaz está. “Ela o sufoca, tira a liberdade dele e até já o agrediu com um tapa no rosto. Não adianta falar, porque ela acha que é normal. Penso até que ela precise de um psicólogo para tentar resolver esse problema possessivo dela”, conclui.

Como entender quando ultrapassou o limite?

Colocar-se no lugar do (a) parceiro (a) ao machucar fisicamente ou psicologicamente ao ponto de fazer chorar;
Ao restringir a circulação do outro: impedir de sair, de encontrar amigos e familiares,
Tentar ouvir o que a família, parentes e amigos dizem do seu comportamento abusivo;
Confiar em si mesmo e buscar a autoestima;
Respeitar as diferenças e os limites do (a) outro (a);
Sempre optar pelo diálogo;
Buscar ajuda profissional.

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